Por vezes nos falta uma atitude adequada no relacionamento com a ideia de conquista da felicidade. E isso compromete a realização dos nossos sonhos. Essa ausência nos leva ao adiamento da decisão de ser feliz.
Numa definição simples, felicidade é uma sensação de bem-estar e contentamento, que pode acontecer por diferentes motivos. E o que é um motivo para isso? Aquela pequena conquista que acaba de acontecer. Como esse fato não provoca nenhuma grande transformação em nossa história, fica mais difícil percebê-lo. Por isso a gente precisa estar atento aos sinais, quando aparecem. E celebrar o fato. Gratidão faz bem.
A felicidade é um tesouro enterrado embaixo dos nossos pés. Ela aguarda o momento em que vamos levantar aquela camada de terra que a afasta dos nossos olhos e tomar posse da experiência. Quantas pequenas felicidades aconteceram hoje?
E aqui pode ter surgido o momento de usar uma britadeira para remover certo direcionamento que propuseram no passado. Falo de quando aprendemos, talvez devido à educação judaico-cristã, que a felicidade é algo possível de ser vivido apenas no Paraíso. Isso, é claro, desde que aceitemos passivamente a ideia de sofrer muito, e em silêncio, nesta vida terrena. Hora de repaginar essa história, portanto.
Se usarmos a razão na hora de olhar para o problema da conquista da felicidade, vamos perceber algumas coisas inegáveis. Por exemplo, o fato de que, no momento em que decidimos que ela é algo para o futuro, encerramos qualquer possibilidade de construí-la hoje. Detalhe: felicidade é algo que exige treino diário. Ter uma atitude positiva, decidindo que podemos e queremos fazer melhor para chegar mais longe, conta mais do que o talento. “O mindset é mais importante do que o talento.”, disse Carol S. Dweck, autora de Mindset. A nova psicologia do sucesso.
Mas isso tem a ver com a maneira como enxergamos nossas metas. “Nada lhe pertence mais que seus sonhos.”, disse o filósofo alemão Friedrich Nietzsche.
A propósito disso, veja o que diz Luiz Gaziri em A ciência da felicidade, obra construída sobre alicerces seguros de pesquisa científica apurada, ainda que o título faça pensar em autoajuda: “A felicidade é a moeda mais valiosa do mundo. Mas diariamente tomamos decisões que a contraria.”
Não, não estou dizendo que temos de sair por aí agindo loucamente, sem qualquer senso de responsabilidade (sem máscara e fazendo aglomerações), a fim de ser felizes agora, a qualquer custo. Apenas lembro que não se justifica amargarmos uma tristeza sem sentido, só porque não decidimos viver uma experiência de alegria e prazer dentro dos limites possíveis.
Agora pense na maneira como vai se sentir quando, no futuro, se der conta de que poderia, sim, hoje, ter dado passos concretos na direção dessa grande conquista, mas adiou a decisão. Eu teria medo desse confronto comigo. Para evitá-lo, procuro tomar providências práticas agora mesmo no trato da minha felicidade. Dentre outras coisas, hoje estou feliz por escrever este texto, quando experimento um novo método eficaz de ter ideias, numa produção que acaba de sair do forno da minha mente. E isso me realiza. Este texto podia não ter sido escrito. Mas aqui está ele, conversando com você. [Muito prazer, eu sou o Rubens. Como é seu nome?]
É claro que você consegue tomar a iniciativa de virar esse jogo a seu favor. E depois você sabe: essa mudança, na sua maneira de agir, vai revelar uma pessoa determinada. Alguém que administra bem o que é importante. As pessoas vão gostar de ver isso. Ver e aprender com você, claro.
Com uma atitude positiva, você não terá como adotar uma posição fatalista. Não vai afirmar que, na sua vida, água mole em pedra dura, tanto bate até que acaba a água.
Portanto, olhe para o seu futuro. Mude as cores que ele vai ter. As possibilidades são infinitas. E os seus olhos viverão uma experiência gostosa de repouso diante do novo quadro que você vai pintar.
Podem existir perdas? Sim. Mas que não seja da oportunidade de ter uma vida mais feliz e com mais sentido, a partir de hoje. Afinal, sem que seja construída, ensaiada agora, amanhã ela não vai existir. Imagine o prazer de chegar lá. Abrace-o e traga tudo isso para mais perto de você. Pense no novo desenho do seu novo futuro, do seu “novo normal”. Realize a utopia, enfim. Nós precisamos de utopia. Porque a gente precisa construir um novo tempo.
PrimeiЯa versão
■ Eu tenho uma autoimagem extremamente positiva. Por exemplo: eu não me imagino uma pessoa egoísta, coisa que só acontece com os outros. Assim como não me imagino antiético etc. em algumas situações. Pensando bem, talvez eu seja mais cristão que Jesus Cristo. Talvez o outro precise mudar, mas eu? Ora, se já me tornei praticamente perfeito e estou convicto disso, o que vou mudar para melhorar a vida e o mundo? Nada. Agora pense no que acontece quando a humanidade inteira age assim.
Rubens Marchioni é palestrante, produtor de conteúdo, blogueiro e escritor. Eleito Professor do Ano no curso de pós-graduação em Propaganda da Faap. Pela Contexto é autor de Escrita criativa: da ideia ao texto. https://rumarchioni.wixsite.com/segundaopcao / e-mail: [email protected]