“O sol nasceu às 4h08 daquela terça-feira, dia 14 de julho de 1789, e, apesar da luminosidade, a cidade anunciava um dia encoberto e frio naquele verão, no qual os termômetros marcavam 12 graus pouco antes do meio-dia.”
O trecho acima é parte da edição do dia 16 de julho de 1789 do Journal de Paris. Mas, ao contrário do clima frio que dominava a cidade, a atmosfera do lado de dentro dos muros estava esquentando cada vez mais, pois um terremoto político estava prestes a abalar as estruturas do reino francês. Já há alguns dias o clima se mostrava tenso, mas o dia 14 representou o auge da Revolução Francesa.
A monarquia absolutista que reinava na França daquela época caracterizou-se por seu enriquecimento às custas da camada baixa da população, o chamado Terceiro Estado ou os “comuns”.
Um exemplo dessa exploração era a cobrança dos impostos em todo o país: tanto o clero quanto a nobreza eram isentos da tributação, paga, por sua vez, pelo Terceiro Estado. O acúmulo de riqueza do governo francês se mostrava, por exemplo, em sua sede, o Palácio de Versalhes, construído por Luis 14, o “Rei Sol”.
Escassez de alimentos aumentou a insatisfação
Como os gastos do governo eram excessivos, o déficit orçamentário se avolumava, somando, na época da revolução, aproximadamente 5 bilhões de libras. Com as péssimas colheitas do ano anterior e o rigoroso inverno em dezembro daquele ano, a escassez de alimentos e as revoltas populares começaram a ser tornar cada vez mais constantes.
Como a nobreza não abria mão de seus privilégios, o rei Luis 16 foi forçado a convocar a Assembleia dos Estados Gerais, que deveria reunir representantes de todas as camadas sociais. Em sua primeira sessão, no dia 5 de junho de 1789, os parlamentares se depararam com o problema da “questão do voto”.
Enquanto o clero e a nobreza defendiam a utilização do voto separado, por Estado, a camada popular defendia o voto por cabeça, já que ela representava 95% da população. Sem um acordo, a terceira camada se autoproclamou Assembleia Nacional, no dia 17 de junho de 1789, passando mais tarde, em 9 de julho, a uma Assembleia Constituinte.
As revoluções populares, iniciadas por causa da fome generalizada da população, culminaram no dia 14 de julho de 1789, quando os “comuns” decidiram se armar contra seus governantes. O Terceiro Estado, que englobava desde artesãos até médicos e advogados, invadiu a Bastilha, prisão política e símbolo máximo da tirania absolutista, matando seus guardas e libertando os presos.
Depois da Queda da Bastilha, a Assembleia Constituinte aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, inspirada na declaração norte-americana. Entre outros, ela defende a liberdade de expressão, afirmando que todos podem falar, escrever e registrar livremente seus pensamentos, devendo, porém, responder pelos abusos desta liberdade.
/via DW